Ele olhava-me fixamente
com os olhos brincalhões que costumava ter, aquele olhar capaz de me
fazer perder o chão, como se fosse a única coisa ali que merecesse
atenção, que realmente lhe importava. Sorri de maneira travessa
desviando o olhar para o rio que nos lembrava de sua presença com o som
da correnteza. Senti sua mão envolvendo a minha e tornei a olhá-lo com o
mesmo sorriso nos lábios. Não era necessário que disséssemos uma
palavra sequer, sabíamos exatamente o que o outro queria, ansiávamos por
esse momento.
Coloquei-me de
pé retirando as folhas que insistiam em ficar presas as minhas roupas.
Virei-me na direção onde havíamos deixado o cavalo, mas sua mão se
fechou em torno de meu pulso de maneira delicada impedindo-me de
prosseguir. Puxou-me para junto de si prendendo-me ao seu corpo com um
dos braços envolvendo minha cintura.
Como poderia
resistir a uma sensação como aquela? Olhos nos olhos, tão próximos um do
outro, quase podia sentir sua pele rocando a minha através das roupas.
Existia ainda, aquele cheiro. O seu cheiro que não abandonava minha
mente, sempre presente em minhas lembranças, que me fazia esquecer tudo e
deixar simplesmente acontecer.
Sua mão tocou
meu rosto, adorava aquele contato de sua pele na minha, fazendo-me
sorrir outra vez. Envolvi seu pescoço com os braços, prendendo-me ainda
mais contra seu corpo, enquanto seus lábios encontravam os meus que
aguardavam irrequietos por aquele momento. Estremeci ao sentir suas mãos
pressionando minha cintura trazendo-me para mais perto, deixei-me
envolver por ele. Ofegante, desvencilhei-me daquele abraço que me faria
rapidamente perder o controle. Ainda não era o momento para que isso
ocorresse.
Sorrindo dei-lhe
as costas e pus-me a caminhar até o cavalo, sabia que me observava
enquanto montava. Ele gostava da situação em que nos encontrávamos:
cercados pela mata, contato direto com a natureza, sem ninguém que
pudesse interferir. Estávamos livres, ali podíamos fazer o que
quiséssemos e o que simplesmente nos conviesse. Éramos apenas nós dois e
nossos desejos, nossas vontades, nossas imaginações e aquilo
julgássemos oportuno.
Ajeitei a bota no
estribo para me manter firme e olhei-o arqueando a sobrancelha enquanto
analisava aquele sorriso maroto que moldava aqueles lábios que acabara
de beijar, mas conhecia exatamente o motivo de estar ali. Passei o
chicote pelo pulso mantendo-o preso sobre a manga da camisa que usava,
com a outra mão tomei as rédeas com firmeza.
- Não vem? –
olhei-o de maneira altiva, como se fosse apenas alguém que deveria
seguir minhas ordens. – Já perdeu tempo demais, não acha? – inquiri com a
voz firme.
- Vou, dê-me lugar. – respondeu vindo juntar-se a mim. – Para onde vamos? – questionou ao montar.
- Eu decido isso. – retruquei colocando-me junto ao seu corpo.
Seus braços
envolveram meu tronco com firmeza eliminando os resquícios da mínima
distancia que existia entre nossos corpos. Estremeci com aquela
proximidade, estávamos próximos demais, sentia o calor de sua pela
através do fino tecido da camisa. O contato de suas pernas mantendo as
minhas presas junto ao cavalo, fazendo-me sentar em seu colo ao invés de
estar na sela, esse contato fazia minha mente viajar imaginando o que
poderia acontecer depois. Aquele jogo despertava ainda mais meu desejo.
Começava a
anoitecer. O crepúsculo proporcionava uma bela visão de onde estávamos.
As altas copas das árvores que nos rodeavam, eram apenas contornos
negros contra o céu que já passava do violeta ao azul marinho. Sentia o
movimento de seu peito em minhas costas, sua respiração era tranquila. A
cavalgada estava lenta, envolvi o chicote com a mão que mantinha
pousada sobre a perna e desferi alguns golpes contra o cavalo.
Senti seus lábios
tocarem a curva de meu pescoço, aquele gesto tirara minha concentração.
Gostara daquilo, o movimento que o animal fazia naturalmente com a
corrida nos aproximavam ainda mais. Suas mãos, ágeis e travessas,
acariciavam minhas pernas. Com o chicote em punho, bati suavemente
contra as costas de uma de uma delas para lembrar-lhe quem estava no
comando. Seu riso baixo soou em meu ouvido provocando-me. Quentes, assim
como o hálito que soprava em minha pele, seus lábios tornaram a
encontrar meu pescoço, arrancando-me arrepios.
Decidi que
precisávamos parar não iriamos muito mais longe que aquilo. Puxei as
rédeas na direção de algumas árvores, fazendo o cavalo parar ali. Ele
aprovou minha decisão, seus braços envolveram-me ainda mais forte
enquanto seus lábios repetiam o beijo em minha jugular. As caricias
ficavam cada vez mais intensas e, no silêncio da noite o único som que
se ouvia era o de nossas respirações ofegantes.
Voltei-me um pouco
para trás e encontrei seus olhos, transmitiam o mesmo desejo que os
meus refletiam, talvez até com mais intensidade. Uma das mãos deixou
minha cintura para encontrar minha nuca, seus dedos se entrelaçaram em
meu cabelo. Mesmo que quisesse, não era mais capaz de resistir, sua boca
buscou a minha. Os lábios tinham urgência, ansiavam por se tocarem e
pareciam se encaixar perfeitamente.
Não recuei como
de outras vezes sob seus toques. Queria aquilo e sabia que ele também.
Eu precisava ser dele, meu corpo já lhe pertencia desde o primeiro
momento em que o vira, queria receber todos aqueles toques que imaginei
durante tanto tempo. Não queria que aquilo acabasse jamais, era a melhor
sensação que já experimentara durante a vida.
Suas mãos
encontraram os botões da camisa que protegiam minha pele e os abriram
ágeis se livraram dela, deixando-me com o tronco nu. Seus lábios
percorreram minha pele deixando um rastro quente por onde passavam
arrancando-me arrepios que eriçaram os pelos do meu corpo. Interrompendo
o beijo e aquelas caricias que me deixavam sem ar, desmontou e me
ofereceu a mão.
Não hesitei, não
havia mais porque esperar ou temer. Aquele era o momento perfeito para
que aquilo acontecesse. Entrelacei meus dedos aos seus e desci, vendo-me
envolta por seus braços novamente, não esperei que ele recomeçasse o
que havíamos parado sobre o cavalo. Busquei seus lábios e deixei que
toda aquela adrenalina confundida com a necessidade de toca-lo, senti-lo
fluísse naturalmente.
Senti o tronco de
árvore as costas, ele me prendia ali. Deslizei as mãos por seu peito
encontrando os botões de sua camisa. As mãos tremulas seguiram o trajeto
que eles formavam, abrindo-os devagar para que seu corpo ficasse livre.
Sua boca deixou a minha, indo ao encontro da pele nua de meu pescoço.
Entrelacei os dedos em seu cabelo sentido o calor que seus lábios
deixavam e suspirei.
As folhas secas que
cobriam o chão, molhado pela chuva que caíra mais cedo, seria o leito
perfeito para aquele momento. O contato de minha pele quente com a
umidade do solo provocou-me calafrios. Deitada ali, sob aquele corpo que
me aquecia, entreguei-me ao desejo que me consumia há muito. Fechei os
olhos e deixei que fizesse comigo o que bem entendesse.